quarta-feira, 26 de maio de 2010
Literatura é resistência
E falar sobre literatura é resistência. Resistir é lembrar que não se pode apenas receber a informação, implica reação. Além do que se apresenta é possível inferir dos enunciados outras realidades. O que é um sarau? Sarau é toda aquela reunião onde se ouve música, assiste filme, filosofa, lê-se trechos de livros, faz-se poesia, as pessoas se encontram. E em toda parte que nome daremos ao fato de que se nutre o ódio aos homens e procura-se espoliá-lo? Talvez por isso saraus sejam tão necessários. Hoje estão acontecendo mais de 60 deles.
Colecionar esta diversidade de exemplos vivos dos momentos de elaboração criativa da realidade: quando se elenca alguns saraus pensamos na Cooperifa, no Elo da Corrente, no sarau da Ademar, no Sarau da Brasa, no Pavio da Cultura ( em Suzano) orientados por (r)evolucionários. As pessoas olham e ficam inspiradas. É para a auto-estima dos moradores da região onde podem ser encontradas crianças, jovens e idosos. Donas-de-casa, operários, professores e estudantes. Trocam-se experiências e incentivos. E travam a luta incansável contra a ignorância, mediocridade, conformismos e tristezas. Movimento dos sem palco, um quilombo, um lugar onde não se pergunta de onde você é, de que credo, cor, ou opção sexual. Só respeito e silêncio e o nome para ser chamado.
Realizamos 12 edições do Sarau da Cesta criado na FFLCH-Letras. O último Sarau da Cesta do ano 2009, mas não menos importante, contou com a presença de integrantes do Sarau da Casa das Rosas e a Turma do Morro do Querosene. Aliás, a sétima edição foi a derradeira do ano passado, porém num movimento gradativo, consciente e revolucionário estamos prenchendo os hiatos: um conjunto de escritores mais ou menos conscientes do seu papel, um conjunto de receptores e um mecanismo transmissor. Sarau da Cesta, FFLCH-Letras, Revista Áporo e a coleção Feito Na Letras, coordenada pelo professor Vicente Pietroforte.
Historicamente, a primeira edição foi no dia 3 de Abril no EPEL (Encontro Paulista dos Estudantes de Letras – que não acontecia há 20 anos) no lado externo ao prédio da Letras. A segunda edição aconteceu em 15 de maio com o tema: Você vai deixar sua vida ser regulada pelo mercado? Neste dia incorporamos um carrinho de supermercado que utilizamos como cavalete para um dos colaboradores pintar quadros, mais adiante serviu e serve para carregarmos os chapéus, banco, mancebo, tintas, além, é claro, de uma cesta cheia de livros para compartilharmos as obras, as palavras, os silêncios! Na terceira edição em 8 de Junho nos incorporamos ao movimento de greve na USP. Realizamos o sarau em frente à reitoria com o carro de som do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP), com a participação de funcionários lendo poemas. E a quarta edição com o lançamento do livro Ávida Espingarda ( feito de poemas de alunos da Letras). Na quinta feira, dia 24 de Setembro, a quinta edição do Sarau da Cesta junto com poetas do Sarau do Querô e integrantes da Revista Áporo entre outros guerreiros da poesia: Primavera dos Bixos!!!! Fizemos a sexta edição do Sarau da Cesta, na quinta dia 29 de Outubro, em co-realização com o Noite nas Tavernas, iniciativa do Centro Acadêmico(C.A) da Letras, gestão Olhos Livres, que aliou-se ao sarau desde o primeiro momento até sua última hora de mandato. O núcleo temático foi o período de eleições para o C.A: Vote Sarau da Cesta!!!!
Em conjunto com o CAELL – Gestão Veredas, dentro da Calourada USP/ 2010 - Bixos: Melhores dias Verão foi o tema da oitava edição do Sarau da Cesta: encontro marcado no dia 23 de fevereiro (terça-feira) às 21h na escadaria central na nossa faculdade de Letras. A proposta foi debatermos acesso à faculdade, o fazer poético e suas notações sociais, com escritores convidados e com você. Além, é claro, de lermos muitos poemas de diversos poetas representativos da literatura brasileira e universal e, principalmente, de autoria própria. Tire seus poemas das gavetas. Seus quadrinhos das pranchetas. Apresente seu teatro aos vivos. Sua música aos nossos ouvidos. Dance, dance, dance até raiar o dia. Contra a linha dura, a linha da cintura. Pinte o set e a oitava maravilha. Faça sua exposição fotográfica. É hora de sua arte ganhar a praça. Saraus, saraus, saraus. Em março recebemos o convite da Associação dos Amigos da casa das Rosas, da Língua e da Literatura ( POIESIS) para apresentarmos o Sarau da Cesta no metrô Santa Cecília. Realizamos dois atos simbólicos, em Abril e Junho, respectivamente, em apoio aos alunos do CRUSP na ocupação da COSEAS e à greve dos funcionários com Reitoria ocupada. Em maio, fomos convidados desta vez pela ONG Ação Educativa que abriu as portas de seu auditório para fazermos mais saraus, saraus, saraus. Em Agosto publicamos a "Entrevista com o Coletivo Maloquerista". Em Setembro dia 23 (quinta) às 21h na Escadaria Central da Letras FFLCH-USP na décima terceira edição, a fusão do Sarau Portátil+ Sarau da Cesta= Sarau Portátil da Cesta: " Poesia ou morte ! "
O sarau é independente de partidos e movimentos políticos universitários. É mais um movimento do que um evento uma vez que confiamos na frente única, passeatas e greves como instrumentos de pressão da classe trabalhadora e na necessidade da arte. Não nos mantemos alheios nem externos às questões concernentes à instituição universitária. Arte e política inseparáveis, assim como educação e livro são imprescindíveis.
É uma contravenção ao sistema do outro, um não pertencimento às representações midiárticas, desconstrução das idéias e dos discursos hegemônicos de novelas, jogos de futebol, vida-shopping. Para além de imposturas tolas e bobageiras de abstrações sem fim onde a vida intelectual pode se perder, ser desserviço. Todos artistas, todos possíveis. Diferente do estrelato e das afetações. Arte-cidadã com cuidado para não ficar só no discurso, com cautela de compreender junto o afastamento da violência e da insanidade pelo compartilhamento da palavra, pelo descolamento desta invisibilidade de excluídos ressentidos ou incluídos amedrontados. Rechaço de inferioridades e da falta de posses, reabilitação dos passados perdidos e das iniciativas inspiradas em ações reais e liberações sonhadas.
Projeto de conhecimento e projeto de poder. Re-inventar o poder. Estranhar meu cotidiano. Até que ponto interessa inscrever-se dentro do stress absoluto de não confiar no vizinho? Melhor o espaço de origem configurado na imagem aderida afetivamente aos próprios laços. Pouco a pouco as missões heróicas dos saraus em toda parte, não obstante os monstros... seja na instituição universitária ou para além dos muros da universidade...enfim ...que não se propaguem preconceitos nem ressentimentos, porém cidadania e arte. Cidadania é arte.
Cláudio Laureatti (autor do texto)
... Tudo nosso, inclusive as vírgulas ! ! ! . . .
Colecionar esta diversidade de exemplos vivos dos momentos de elaboração criativa da realidade: quando se elenca alguns saraus pensamos na Cooperifa, no Elo da Corrente, no sarau da Ademar, no Sarau da Brasa, no Pavio da Cultura ( em Suzano) orientados por (r)evolucionários. As pessoas olham e ficam inspiradas. É para a auto-estima dos moradores da região onde podem ser encontradas crianças, jovens e idosos. Donas-de-casa, operários, professores e estudantes. Trocam-se experiências e incentivos. E travam a luta incansável contra a ignorância, mediocridade, conformismos e tristezas. Movimento dos sem palco, um quilombo, um lugar onde não se pergunta de onde você é, de que credo, cor, ou opção sexual. Só respeito e silêncio e o nome para ser chamado.
Realizamos 12 edições do Sarau da Cesta criado na FFLCH-Letras. O último Sarau da Cesta do ano 2009, mas não menos importante, contou com a presença de integrantes do Sarau da Casa das Rosas e a Turma do Morro do Querosene. Aliás, a sétima edição foi a derradeira do ano passado, porém num movimento gradativo, consciente e revolucionário estamos prenchendo os hiatos: um conjunto de escritores mais ou menos conscientes do seu papel, um conjunto de receptores e um mecanismo transmissor. Sarau da Cesta, FFLCH-Letras, Revista Áporo e a coleção Feito Na Letras, coordenada pelo professor Vicente Pietroforte.
Historicamente, a primeira edição foi no dia 3 de Abril no EPEL (Encontro Paulista dos Estudantes de Letras – que não acontecia há 20 anos) no lado externo ao prédio da Letras. A segunda edição aconteceu em 15 de maio com o tema: Você vai deixar sua vida ser regulada pelo mercado? Neste dia incorporamos um carrinho de supermercado que utilizamos como cavalete para um dos colaboradores pintar quadros, mais adiante serviu e serve para carregarmos os chapéus, banco, mancebo, tintas, além, é claro, de uma cesta cheia de livros para compartilharmos as obras, as palavras, os silêncios! Na terceira edição em 8 de Junho nos incorporamos ao movimento de greve na USP. Realizamos o sarau em frente à reitoria com o carro de som do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP), com a participação de funcionários lendo poemas. E a quarta edição com o lançamento do livro Ávida Espingarda ( feito de poemas de alunos da Letras). Na quinta feira, dia 24 de Setembro, a quinta edição do Sarau da Cesta junto com poetas do Sarau do Querô e integrantes da Revista Áporo entre outros guerreiros da poesia: Primavera dos Bixos!!!! Fizemos a sexta edição do Sarau da Cesta, na quinta dia 29 de Outubro, em co-realização com o Noite nas Tavernas, iniciativa do Centro Acadêmico(C.A) da Letras, gestão Olhos Livres, que aliou-se ao sarau desde o primeiro momento até sua última hora de mandato. O núcleo temático foi o período de eleições para o C.A: Vote Sarau da Cesta!!!!
Em conjunto com o CAELL – Gestão Veredas, dentro da Calourada USP/ 2010 - Bixos: Melhores dias Verão foi o tema da oitava edição do Sarau da Cesta: encontro marcado no dia 23 de fevereiro (terça-feira) às 21h na escadaria central na nossa faculdade de Letras. A proposta foi debatermos acesso à faculdade, o fazer poético e suas notações sociais, com escritores convidados e com você. Além, é claro, de lermos muitos poemas de diversos poetas representativos da literatura brasileira e universal e, principalmente, de autoria própria. Tire seus poemas das gavetas. Seus quadrinhos das pranchetas. Apresente seu teatro aos vivos. Sua música aos nossos ouvidos. Dance, dance, dance até raiar o dia. Contra a linha dura, a linha da cintura. Pinte o set e a oitava maravilha. Faça sua exposição fotográfica. É hora de sua arte ganhar a praça. Saraus, saraus, saraus. Em março recebemos o convite da Associação dos Amigos da casa das Rosas, da Língua e da Literatura ( POIESIS) para apresentarmos o Sarau da Cesta no metrô Santa Cecília. Realizamos dois atos simbólicos, em Abril e Junho, respectivamente, em apoio aos alunos do CRUSP na ocupação da COSEAS e à greve dos funcionários com Reitoria ocupada. Em maio, fomos convidados desta vez pela ONG Ação Educativa que abriu as portas de seu auditório para fazermos mais saraus, saraus, saraus. Em Agosto publicamos a "Entrevista com o Coletivo Maloquerista". Em Setembro dia 23 (quinta) às 21h na Escadaria Central da Letras FFLCH-USP na décima terceira edição, a fusão do Sarau Portátil+ Sarau da Cesta= Sarau Portátil da Cesta: " Poesia ou morte ! "
O sarau é independente de partidos e movimentos políticos universitários. É mais um movimento do que um evento uma vez que confiamos na frente única, passeatas e greves como instrumentos de pressão da classe trabalhadora e na necessidade da arte. Não nos mantemos alheios nem externos às questões concernentes à instituição universitária. Arte e política inseparáveis, assim como educação e livro são imprescindíveis.
É uma contravenção ao sistema do outro, um não pertencimento às representações midiárticas, desconstrução das idéias e dos discursos hegemônicos de novelas, jogos de futebol, vida-shopping. Para além de imposturas tolas e bobageiras de abstrações sem fim onde a vida intelectual pode se perder, ser desserviço. Todos artistas, todos possíveis. Diferente do estrelato e das afetações. Arte-cidadã com cuidado para não ficar só no discurso, com cautela de compreender junto o afastamento da violência e da insanidade pelo compartilhamento da palavra, pelo descolamento desta invisibilidade de excluídos ressentidos ou incluídos amedrontados. Rechaço de inferioridades e da falta de posses, reabilitação dos passados perdidos e das iniciativas inspiradas em ações reais e liberações sonhadas.
Projeto de conhecimento e projeto de poder. Re-inventar o poder. Estranhar meu cotidiano. Até que ponto interessa inscrever-se dentro do stress absoluto de não confiar no vizinho? Melhor o espaço de origem configurado na imagem aderida afetivamente aos próprios laços. Pouco a pouco as missões heróicas dos saraus em toda parte, não obstante os monstros... seja na instituição universitária ou para além dos muros da universidade...enfim ...que não se propaguem preconceitos nem ressentimentos, porém cidadania e arte. Cidadania é arte.
Cláudio Laureatti (autor do texto)
... Tudo nosso, inclusive as vírgulas ! ! ! . . .
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Sarau da Cesta com apresentação teatral "Fragmentos de poetas", dia 18 de maio(terça) às 19h30 na Ação Educativa. Periferia no centro. É só chegar
O sarau surgiu pela necessidade intrínseca de promover as artes em geral. Estímulo à criatividade, a produção de seus participantes e, não à repressão ou limitação de espaços - ficar à margem quando podemos compartilhar e pensando nisso chegamos na Ação Educativa no dia 18 de Maio(terça)com apresentação teatral "Fragmentos de poetas ", com lançamento de Cláudio Laureatti do livro "Luminosidades" a partir das 19h30m. Rua General Jardim, 660
A solução possível foi elencar, entre os critérios mais importantes, a participação de todos. Todos possíveis. Todos artistas. Artistas-cidadãos. Estamos menos interessados na sociedade do espetáculo onde permeiam a sensação de isolamento artístico e fogueira das vaidades e convergindo mais nos diálogos com a arte enquanto instrumento de transformação, de espíritos independentes e o agradável desafio de poder contemplar a todos
O Sarau da Cesta tem seu respaldo sobre motivos e argumentos os quais expõem a necessidade de partirmos de construção de discursos, para reconstruí-los, desconstruí-los e a atuação direta imediata que é realizarmos os encontros, as récitas, enfim, saraus, saraus, saraus
sábado, 8 de maio de 2010
Sarau da Cesta de Utopias = ( Sarau da Cesta + Sarau Encontro de Utopias) com sorteio de livros e apresentação teatral

E aconteceu o irreparável: a poesia se fracionou em saraus, em principados independentes e rivais, permanentemente em conflito. Como não sofrer a alma dos verdadeiros poetas com essa escandalosa fragmentação? Invejam-se muito mais do que temem a escalada destrutiva da nossa época violenta.
Mais ainda: os aparelhos do governo e a mídia aproveitam-se disso. Atraídos pelo ouro colocam suas equipes a serviço dos pequenos soberanos dos saraus. E as vozes dissonantes são devastadas lhe negando participar da direção do movimento ( ai, de quem falar evento) e sem poder se manifestar no domínio público das entrevistas e dos cachês, reservados à estes mesmos diretores e aos que não incomodam; os poetas combativos, oprimidos pelos preconceitos às avessas e humilhados pela onipotência e arrogância muito bem disfarçada nos discursos dos condutores, ao menor sinal, são banidos até mesmo do microfone aberto, da palavra comungada.
Daí, vaguearmos durante anos, juntando-nos a alguns, participando de outros, protegendo o binômio erudito-popular, contra seus inimigos, tanto acadêmicos quanto periféricos. Borboletando para que estes dois mundos se interpenetrem. E também haja amor. Para haver um pouco de poesia no meio dessa merda toda. Se possível, uma criança no coração das letras.
E quando os tempos forem inclassificáveis e esses ritos sarauzíticos forem limitados, talvez até mesmo pela superação ou morte de seus condutores, pois, por muito tempo catalizaram e por mais tempo ainda podem promover resistências simples e verdadeiras também (para não dizer que não falamos das flores), ao desaparecer provavelmente serão vistas como “febres artísticas”, isto é, a poesia não pode se reduzir a poetas que se degladiam como se fazem nas brigas de torcidas ( ao menos mantém assim as aparências em seus currais, diante do público; pois nos bastidores, quando os líderes opostos se encontram, há outras arapucas: it´s all about money ! – ...dinheiro, louro dinheiro...) Os saraus fazendo política e a poesia morrendo, morrendo. Preferimos os saraus fazendo poesia, e outra política vicejando, vicejando
“Mas quem vai acreditar nesse depoimento? Diário de momentos amadurecidos amadurecendo”
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