domingo, 22 de abril de 2012
3 anos de Sarau da Cesta
O que há de novo? O inferno dos saraus...
( Ou o complexo do fracassado segundo F. Nietzsche? Ou nova velha história da amizade, esse amor que nunca morre?)
O inferno dos saraus no qual vivemos todos os dias que fazendo saraus estamos juntos: o inferno dos saraus não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui. Existe 2 maneiras de não sofrer o inferno. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte dele até o ponto de deixar de percebê-lo.
A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.
É certo que as pessoas estão submetidas a fortes pressões que as levam a aceitar aquilo que elas mesmas, por vezes (pasmem?!...), obstinadamente insistem em negar ser infernal: a redução de todos ao nível de plâncton, transportado por ondas casuais e sem encontrar um lugar onde permanecer ou apoiar-se para resistir à maré.
Estudo, trabalho constante e desapego ao glamour artístico (enfim...delicadeza e humildade...palavras já tão desgastadas e por isso mesmo necessárias de revitalização....) poderiam permitir lançar bases sólidas possibilitando prosseguir com a espinha ereta, a mente quieta e o coração tranquilos em todas as circunstâncias.
Os sarauzeiros levam uma vida fatiada em episódios, cada um dos quais com um novo início e um fim brusco, parecem não perceberem ( ...ou até mesmo percebendo...o que não deixa de ser igualmente pior...) a necessidade de uma educação artística que busque lhes fornecer os instrumentos idôneos para um mundo poético melhor ( ou pelo menos, para um mundo que se mova a uma velocidade inferior em relação àquela agitação de apresentações bobas e às vezes idiotizantes que beiram à histeria nos saraus, principalmente, os mais badalados...)
Os artistas verdadeiros levam à vida fugindo disso (...sem deixar de dialogar, é claro!), deslocando-se de um sarau para outro. Não se preocupam com a velocidade impressionante com que as apresentações se sucedem, ama e envelhece no amor à sua arte, muda o ritmo e sabe que tornam-se vãs essas quantidades excessivas de gente exibicionista e doentes da febre dos saraus. Isto é visto pelas mentes sãs com uma enorme suspeita e como uma ilógica perda de tempo. E, para não dizerem que não falei das flores, à vezes no meio dessa merda toda, surgem algumas poucas amizades verdadeiras, que , ao fim e ao cabo, é superior não só à arte quanto ao amor: a amizade !
Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta! ( C. Jung)
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