domingo, 5 de dezembro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Manifesto Sarau Portátil da Cesta (SPC) dos parceiros de IML (Incendiários Maicknuclear e Laureatti)
Manifesto Sarau Portátil da Cesta
realizado pelo I M L ( Incendiários Maicknuclear e
Laureatti).
O mundo está mudando rápido e o Sarau da Cesta junto com o Sarau Portátil mudam lentamente na mesma velocidade da luz: Sarau Portátil + Sarau da Cesta = Sarau Portátil da Cesta, realizado pelo I M L ( Incendiários Maicknuclear e Laureatti ).
Através de surpreendentexcitantes misturas de poemas deveras inteligentes e exaustivamente trabalhados com música urbana de elementos teatrais-cinematográficos, o Sarau Portátil da Cesta declara morte às adiposidades cerebrais. Morte ao marasmo das academias literárias e às chatices dos saraus hipócritas-demagógicos que exigem palmas para não nos deixarem bocejar. Morte aos velhos e pomposos recitais que nos matam de sono quando nos obrigam a ficarmos acordados e até o final por educação. I M L neles ! ! !
Chega desses merdas de poetas comedidos bem comportados digestivos que agradam sem transformar.
Não distribuiremos sanduíches de presuntos nem adocicaremos tua vida com açucarados últimos suspiros. Dizia a filosofia que viver é aprender a morrer. Não tenha medo de morrer. É melhor ter medo de morrer sem ter vivido.
Faça algo agora ou cálice. Nada melhor que a noite pra fazer seu champanhe suar a taça.
Queremos suor, poesia e gozar antes, durantes e depois. E depois do começo o que vier vai começar a ser o fim. Agora somos uma legião ! ! ! Numa sociedade de massas às vezes o que você precisa é só mais um . . . mais um . . . mais um . . . se for enxame, examine. Se for manada, dinamite ! ! !
Queremos a poesia dos loucos, dos clowns de Shakespeare, brechtinianos, dos frascos e comprimidos, Boal e outros mundos possíveis ! ! !
Não queremos saber de poemas que não é libertação.
Poesia no interior do Piauí é luxo. O Piauí não é aqui. O Piauí é aqui.
Poesia no interior do Acre é milagre. O Acre não é aqui. O Acre é aqui.
São Paulo é grande porém não é o Brasil ! ! !
Nessa cidade poesia social é necessidade.
Nos chame de malucos mas não nos convide para uma revolução que não possamos dançar e cantar pela chuva. SOLidariedade: não somos mais piedosos, nem menos. Somos loucos. Loucos e mais um pouco.
Só muda se você mudar seu jeito. Só muda se você muda, sujeito!
Independência tem seu preço: Poesia ou morte ! ! !
Aplaudam se quiserem. Mas se for o caso, para serem sinceros, aplaudam verdadeiramente até nas mãos fazerem calos. Aplausos. Aplausos. Aplausos. E se de pé não for suficiente, aplaudam de joelhos. Aplausos. Aplausos. Aplausos.
Deixando velhos e pomposos recitais ou hipócritas-demagógicos saraus à vala comum de suas mediocridades e outras bobagens que levam ninguém a lugar nenhum, ao afastar-se dessas amarras, o Sarau Portátil da Cesta(S.P.C) é uma progressiva elevação artística, feita com equipamentos rústicos e pós-modernos para a sublimação mais-que-criativa, mais-que-revolucionária,
Coragem ! Pule !
É agora que descobrimos só agora que a vida é agora !
Poesia ou morte ! Independência tem seu preço ! S.P.C neles !
(Fim do Manifesto. Começo do fim do mundo. )
sábado, 25 de setembro de 2010
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Fusão de saraus e efusão lírica na urbe torpe
Manifesto Sarau Portátil da Cesta realizado pelo I M L ( Incendiários Maicknuclear e Laureatti).
O mundo está mudando rápido e o Sarau da Cesta junto com o Sarau Portátil mudam lentamente na mesma velocidade da luz: Sarau Portátil + Sarau da Cesta = Sarau Portátil da Cesta, realizado pelo I M L ( Incendiários Maicknuclear e Laureatti ).
Através de surpreendentexcitantes misturas de poemas deveras inteligentes e exaustivamente trabalhados com música urbana de elementos teatrais-cinematográficos, o Sarau Portátil da Cesta declara morte às adiposidades cerebrais. Morte ao marasmo das academias literárias e às chatices dos saraus hipócritas-demagógicos que exigem palmas para não nos deixarem bocejar. Morte aos velhos e pomposos recitais que nos matam de sono quando nos obrigam a ficarmos acordados e até o final por educação. I M L neles ! ! !
Chega desses merdas de poetas comedidos bem comportados digestivos que agradam sem transformar.
Faça algo agora ou cálice. Nada melhor que a noite pra fazer seu champanhe suar a taça.
Queremos suor, poesia e gozar antes, durantes e depois. E depois do começo o que vier vai começar a ser o fim. Agora somos uma legião ! ! ! Numa sociedade de massas às vezes o que você precisa é só mais um . . . mais um . . . mais um . . . se for enxame, examine. Se for manada, dinamite ! ! !
Queremos a poesia dos loucos, dos clowns de Shakespeare, brechtinianos, dos frascos e comprimidos, Boal e outros mundos possíveis ! ! !
Não queremos saber de poemas que não é libertação.
Poesia no interior do Piauí é luxo. O Piauí não é aqui. O Piauí é aqui.
Poesia no interior do Acre é milagre. O Acre não é aqui. O Acre é aqui.
São Paulo é grande porém não é o Brasil ! ! !
Nessa cidade poesia social é necessidade.
Nos chame de malucos mas não nos convide para uma revolução que não possamos dançar e cantar pela chuva. SOLidariedade: não somos mais piedosos, nem menos. Somos loucos. Loucos e mais um pouco.
Poesia ou morte: independência tem seu preço ! ! !
Aplaudam se quiserem. Mas se for o caso, para serem sinceros, aplaudam verdadeiramente até nas mãos fazerem calos. Aplausos. Aplausos. Aplausos. E se de pé não for suficiente, aplaudam de joelhos. Aplausos. Aplausos. Aplausos.
O Sarau Portátil da Cesta é uma progressiva elevação artística, feita com equipamentos rústicos e pós-modernos para a sublimação mais-que-criativa, mais-que-revolucionária, deixando velhos e pomposos recitais ou hipócritas-demagógicos saraus à vala comum de suas mediocridades e outras bobagens que levam ninguém a lugar nenhum.
Coragem ! Pule !
É agora que descobrimos só agora que a vida é agora !
Poesia ou morte !
Independência tem seu preço!
O mundo está mudando rápido e o Sarau da Cesta junto com o Sarau Portátil mudam lentamente na mesma velocidade da luz: Sarau Portátil + Sarau da Cesta = Sarau Portátil da Cesta, realizado pelo I M L ( Incendiários Maicknuclear e Laureatti ).
Através de surpreendentexcitantes misturas de poemas deveras inteligentes e exaustivamente trabalhados com música urbana de elementos teatrais-cinematográficos, o Sarau Portátil da Cesta declara morte às adiposidades cerebrais. Morte ao marasmo das academias literárias e às chatices dos saraus hipócritas-demagógicos que exigem palmas para não nos deixarem bocejar. Morte aos velhos e pomposos recitais que nos matam de sono quando nos obrigam a ficarmos acordados e até o final por educação. I M L neles ! ! !
Chega desses merdas de poetas comedidos bem comportados digestivos que agradam sem transformar.
Faça algo agora ou cálice. Nada melhor que a noite pra fazer seu champanhe suar a taça.
Queremos suor, poesia e gozar antes, durantes e depois. E depois do começo o que vier vai começar a ser o fim. Agora somos uma legião ! ! ! Numa sociedade de massas às vezes o que você precisa é só mais um . . . mais um . . . mais um . . . se for enxame, examine. Se for manada, dinamite ! ! !
Queremos a poesia dos loucos, dos clowns de Shakespeare, brechtinianos, dos frascos e comprimidos, Boal e outros mundos possíveis ! ! !
Não queremos saber de poemas que não é libertação.
Poesia no interior do Piauí é luxo. O Piauí não é aqui. O Piauí é aqui.
Poesia no interior do Acre é milagre. O Acre não é aqui. O Acre é aqui.
São Paulo é grande porém não é o Brasil ! ! !
Nessa cidade poesia social é necessidade.
Nos chame de malucos mas não nos convide para uma revolução que não possamos dançar e cantar pela chuva. SOLidariedade: não somos mais piedosos, nem menos. Somos loucos. Loucos e mais um pouco.
Poesia ou morte: independência tem seu preço ! ! !
Aplaudam se quiserem. Mas se for o caso, para serem sinceros, aplaudam verdadeiramente até nas mãos fazerem calos. Aplausos. Aplausos. Aplausos. E se de pé não for suficiente, aplaudam de joelhos. Aplausos. Aplausos. Aplausos.
O Sarau Portátil da Cesta é uma progressiva elevação artística, feita com equipamentos rústicos e pós-modernos para a sublimação mais-que-criativa, mais-que-revolucionária, deixando velhos e pomposos recitais ou hipócritas-demagógicos saraus à vala comum de suas mediocridades e outras bobagens que levam ninguém a lugar nenhum.
Coragem ! Pule !
É agora que descobrimos só agora que a vida é agora !
Poesia ou morte !
Independência tem seu preço!
domingo, 29 de agosto de 2010
Sarau da Cesta em Agosto publica "Entrevista com o Coletivo Poesia Maloqueirista" - Pra tudo e pra todos tem jeito e tem gente. A gosto pra tudo ! ! !
1-Quando surgiu a ideia de fundar o Coletivo Poesia Maloqueirista?
Caco Pontes - Em meados de 2002, quando Berimba e Renato Limão estavam no rolê difundindo seus libretos na rua, surgiu a ideia de criar um nome que pudesse definir aquela movimentação, algo como uma grife, marca - que rola, por exemplo, no universo da pichação - e, quando certa vez, provocado por uma colega de trabalho, onde Berimba cumpria a função de Office-Boy, sobre que tipo de poesia fariam, sendo que já havia existido modernista, dadaísta, concretista, ela mesma emendou: maloqueirista? Ironicamente, Berimba gostou da sugestão sarcástica, propôs ao Renato o tal nome e a partir daí foi apropriado o conceito que passou a reproduzir naturalmente efeito iconoclasta, considerando mesmo o nascimento do nome de batismo, algo insinuado. Logo em seguida me aliei a eles, cruzava os caras na porta do Centro Cultural SP, quando também já começava a dar meus primeiros passos rabiscando uns versos e botando pra circular o primeiro libreto, a partir de 2003, sendo que minha primeira investida foi vendendo libretos do Renato, em temporada de início de ano nas ruas de Paraty, pois estava falido e precisando de grana pra retornar à capital. Em 2004 conhecemos o Pedro Tostes, também pelas ruas de Paraty, na ocasião da 2a.FLIP, quando nos juntamos em intervenções urbanas performáticas, ironizando a programação oficial, auto-intitulando-nos o Off do Off da FLIP, ou ainda Off-Ofó da FLIP. Daí nascia o que viria a ser o "Coletivo Poesia Maloqueirista".
2-A quanto tempo vocês escrevem? O que a poesia significa nas suas vidas?
Caco Pontes - Tenho até hoje um primeiro caderno de reportagens sensacionalistas, que eu fazia quando devia ter cerca de 9, 10 anos e quando revisito este, fico impressionado com tamanha sacanagem e deboche que desenvolvia naquela espécie de diário, onde usava recortes de revistas, jornais e criava minhas próprias matérias, furos de reportagem, rs. Cheguei a fazer uma, quando na época a Dercy Gonçalves desfilou para uma escola de samba, com seios a mostra, nem lembro ao certo o ano, mas certamente na transição entre 80/90, um fato que polemizou e marcou aquele período... Mas poesia mesmo, com a pretensão de escrever em verso, buscando aliar sentimento a forma, foi a partir dos 17, 18 anos, nos primeiros delírios psicodélicos, em viagens de ônibus, voltando do centro para o subúrbio do lado leste de São Paulo.
E sobre o que ela significa em minha vida, meio complexo de responder, mas tem um poema inédito meu que diz o seguinte: poesia é o aluguel da vida / e quando estiver cansado / da especulação imobiliária / basta se tornar proprietário / de uma obra / literária.
3-Vocês tiveram apoios para a fundação do Coletivo? Como ocorreu? Quais parcerias aconteceram até hoje?
Berimba de Jesus – O apoio foi de nós para nós mesmos, durante um bom tempo, a gente incomodava (e também agradava), entrando em bar, restaurante, fazendo intervenção de poesia, sem medir consequências, no impulso juvenil mesmo, na praça pública, nos saraus, até que começamos a organizar evento (C.A.I-MAL - Centro de Ação In-formal), produzir a revista alternativa Não Funciona , tudo na raça, se endividando na copiadora do Nélio, pra pagar depois do evento, onde cobrávamos uns 3 reais de entrada, com direito a um exemplar da publicação, sendo que muita gente largava o material na "balada" e a gente reciclava pegando de volta; foram vários sufocos, roubadas, até que começamos a freqüentar algumas atividades do circuito literário, tornando-nos benquistos por alguns e pedra no sapato pra tantos outros, coisa que acontece até hoje.
Pedro Tostes – Tivemos de fato uma época bem barra pesada, fazendo fiado no xerox, bancando todos os riscos e voltando pra casa com o bolso furado. Mas com o tempo e um pouco mais de organização fomos conseguindo tocar projetos mais sólidos como a Revista Não Funciona. Alguns apoios nesse caminho rolaram, como com o Programa VAI, que ajudou por um bom tempo com a revista. Mas o grande apoio e os grandes parceiros que temos são os diversos movimentos que estão correndo junto nesse cenário.
Caco Pontes - Passada quase uma década, pra alguns de nós veio filho, casamento, separação, cobranças do mundo material de assumir postura mais séria em relação ao trabalho, para manter a sobrevivência, e fomos transformando o mero desbunde em realizações determinantes, então começou a pintar um cachê aqui, outro acolá, não deu pra fazer aquisições ou mudanças muito significativas, mas tem melhorado e é natural que isto aconteça, trabalhando com tanto empenho no decorrer de todos estes anos; na verdade a situação poderia estar até um pouco melhor, se talvez tivéssemos um registro de CNPJ, mais organização, mas agora com uma produtora correndo junto, a Vani, com sua experiência, sem deixar de ter a nossa identidade e atitude, a coisa tem fluído com maior disciplina no intuito de difundir de forma ampla o nosso trabalho.
4-Poderiam relatar a reação/relação da comunidade do bairro quando começaram os saraus?
Caco Pontes - Interessante pensar por este ângulo, pois o nosso agrupamento nasceu de um jeito bem difuso/peculiar nesta questão "territorial": eu vinha da Cidade Tiradentes, o Berimba de Taboão da Serra (aonde vive até hoje), Pedro, recém-chegado do RJ, morava no Jd. Bonfiglioli (mudou-se recentemente para o Centro), Renato Limão se dividia entre eventuais hospedagens na casa dos avós, em São Mateus, e em hóteis baratos, da região central, daí no final das contas a gente acabava interagindo no fluxo da boemia, do nosso jeito mambembe, performando e rodando chapéu, geralmente na Vila Madalena-Centro, que foram locais aonde encontramos condições de estabelecer nosso trabalho, além de ponto de encontro com várias figuras bacanas e os rolês pelas quebradas sempre foi algo espontâneo, prazeroso, como frequentar o Sarau do Binho ou a Cooperifa, sem precisarmos bater no peito dizendo que somos deste ou daquele lugar, pois apesar de respeitar que as raízes possam se firmar assim, não creio que seja o caminho único e da verdade absoluta, afinal nossa identidade nasceu a partir das ruas, fosse em SP, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte. Nos últimos tempos estamos com base firmada no Morro do Querosene (que é o bairro que eu habito há 4 anos), de maneira que fomos construindo relações firmes de parceria com iniciativas da comunidade local, como o extinto (ou em recesso) Sarau do Querô, capitaneado pelo poeta Paulo Almeida, que foi quem nos apresentou ao Dinho Nascimento e família (Gabriel, Cecília, Tainá), com os quais desenvolvemos coisas bem legais até hoje, além da Ana Flor, filha do Tião Carvalho, organizador da Festa do Boi e Grupo Cupuaçu, entre outros. E o mais interessante disto tudo, é termos nossa identidade construída no cruzamento entre a cultura urbana e popular, coisa que a rua - nossa maior escola - mostra e permite naturalmente.
Pedro Tostes – Essa pergunta não faz muito sentido para um grupo como o nosso. Nosso coletivo não nasceu por uma precisão geográfica. O ponto de encontro e de realização do grupo sempre foi a rua. Organizar um sarau foi uma consequencia de um momento em que o grupo sentiu que precisava criar essas raizes, e a opção pelo centro foi justamente ligado a nossa história, ao fato de que era aqui no centro que vendiamos poesia nas ruas, nos bares, nas portas de espaços culturais e cinemas, sempre aquela velha ladainha ´lá eu a perguntar sempre – você gosta de poesia?’.
5-Nestes anos, vocês perceberam uma mudança na relação das pessoas da área do Centro Cultural (centros urbanos, universidades) com a literatura e a poesia?
Caco Pontes - Ah, sem dúvida devo reconhecer e admitir que ajudamos a construir um cenário que hoje fervilha, na prática e popularização da poesia e literatura, quebrando certas barreiras sociais, falando a língua do povo, possibilitando este acesso, com tremendo respeito e admiração pela caminhada de figuras como Binho, Sérgio Vaz, Marco Pezão, Ana Rüsche, Rui Mascarenhas, cada qual a sua maneira, estilo, bem como nós, mais novos na trajetória do que estes que citei e, talvez um pouco mais experientes em relação a outros que chegaram na sequência, mas que sem dúvida nos relacionamos no mesmo nível, com afinidade, como por exemplo com os parceiros do CICAS, Bebeto e Maicknuclear, Michel Silva e Raquel Almeida, do Elo da Corrente, além de uma galera provavelmente mais contemporânea a nós, como Rodrigo Ciríaco, Daniel Minchoni, Carlos Galdino, Cláudio Laureatti, fora nossos heróis de resistência como Sônia Pereira, Pilar, Maurício Marques, Rubens Augusto, os grafiteiros do Imargem, Jerry, Jonato, Vini, Mauro, Tim, e tantas outras pessoas valiosas que não caberiam nestas linhas, mas que não são menos importantes, pelo contrário, todos que em algum momento estiveram aliados conosco são essenciais ao nosso contexto e trajetória.
Pedro Tostes – Para falar a verdade eu não vejo muita mudança na relação da maior parte das pessoas com a poesia não. Existem sim muitos movimentos interessantes de pessoas dispostas a fazer boa poesia e que buscam difundir seu trabalho de uma forma mais ampla, a fim de levar a poesia a mais pessoas. Mas para a maior parte das pessoas a poesia continua sendo uma esfinge, uma linguagem desinteressante. No entanto quando vendíamos nossos livretos na rua, muitas vezes as pessoas se surpreendiam e não acreditavam que “aquilo” podia ser poesia. Tinham gostado. Então muitas vezes a ponte que é preciso fazer é a entre o artista e o público, uma relação imediatizada, que independe da chancela de editores ou críticos.
6-Comenta-se que alguns chamam o sarau de ‘movimento dos sem-palco’. O que pode ser falado sobre isto?
Caco Pontes - É mesmo? De onde será que surgem estes comentários? Porque se for do atual círculo literário, que se considera cânone anacronicamente, nem dou importância, aliás como diz meu parceiro Lucas Moreno, vulgo Xicó, as coisas têm a importância que damos a elas. Costumamos dizer na Poesia Maloqueirista que somos "caras-de-palco!"
Pedro Tostes – Independente de quem faz a crítica, o importante é ressaltar que o sarau é uma forma de expressão e movimentação poética. Essa provocação poderia vir num sentido de que no sarau pessoas que não teriam como se expressar, tem. Para mim, isso é positivo. Como dizia Cairo Trindade, “a praça é do povo, menos o banquinho, o palanque e o microfone” Na expressão e com a oportunidade de conhecer e ler outros poetas, muitos bons poetas afloram. Como em qualquer lugar. No cânone literário tem muita coisa discutível, o que é provado pela própria academia que o define.
7-Não se trata de uma literatura melhor que a produzida pelos acadêmicos, mas também não é menos importante. O que se pode comentar a respeito de frases deste tipo?
Berimba de Jesus – Acho que figuras que vivem a fazer comparações como se fossem os donos da verdade, se esquecem de Lima Barreto, João Antonio, entre tantos outros que foram marginalizados em sua época, mas que hoje estão na academia sendo estudados ao lado de grandes nomes como Homero, Camões... Acho que tem gosto pra tudo e que não é tudo que se pode chamar de literatura ou poesia.
Pedro Tostes – Essa frase demonstra preconceito e desconhecimento. Acadêmico estuda e faz tese. Quem faz poesia e literatura é poeta e escritor. E poeta e escritor pode surgir de diversos lugares, entre eles a academia. Se o que se discute é se essa literatura é tão boa quanto o cânone, não sou santo pra querer ser canonizado. Eu sou escritor, eu quero é ser lido - como já ensinava Drummond.
Caco Pontes - Me parece que sempre existirão comparações, elas enchem o saco, principalmente quando partem daquelas figuras que se valem por cagar referências, mas talvez isto tenha sua necessidade de existir pra estimular certos debates, abrindo as possibilidades de reflexões, horizontes, embora o problema disto é que a tendência na maior parte das vezes cai na punheta mental, polemizações cansativas e falta de soluções práticas.
8-Vocês poderiam relatar esta transformação das pessoas que não tinham contato com a arte e agora (através de saraus) são artistas com livros editados e intérpretes de poesia?
Caco Pontes - Progresso, sem ordem estabelecida, virada do jogo, tomada do cenário, muito bom, digno, merecido, especialmente quando a questão egóica não ultrapassa a simplicidade, espontaneidade, resvalando para o glamour e status, tal qual dos pequenos-burgueses que até então monopolizavam esta produção.
Pedro Tostes – Acho que posso relatar sim essa transformação, e fico feliz de poder ter visto muitas pessoas que mal pensavam que podiam ser poetas hoje serem poetas publicados, atuantes, buscando criar novos espaços, labutando sua obra em todos os sentidos. Acho interessante e vital que as pessoas possam, sem distinção de origem ou de formação, exercer e buscar o seu caminho na poesia e nas artes como um todo. Isso valoriza a pessoa, faz buscar novas coisas para sua vida. Dessa diversidade pode surgir uma criatividade insuspeita, exatamente por não estar presa a padrões pré-determinados do que é ou não poesia.
9-Estão surgindo ou surgiram coletivos/movimentos como a Malocália em outros locais?
Caco Pontes - A cada instante, em todos os cantos do país e do mundo; a questão é: quais irão permanecer pra posteridade...
Pedro Tostes – A posteridade é o menos importante. Mais importante, e condição sinequanon, do que entrar para a história é fazer parte da história. E isso só acontece no dia a dia, vivendo o tempo de hoje. O fato de surgirem coletivos trabalhando com a poesia e outras linguagens de uma forma criativa é sinal de um viço artístico desse momento.
Berimba de Jesus – Há diversas formas de trabalhar com a arte, e artista é como mato, tem em qualquer lugar, então, experiências como a Malocália surgem a todo momento.
10-Qual a contribuição da Malocália/ Maloqueiristas para o estímulo a estas iniciativas culturais?
Pedro Tostes - Acho que a nossa colaboração é toda essa história de militância na rua e agora nos espaços com eventos e saraus. Somos formigas fazendo a nossa pequena parte sem saber muito bem porque. “O piano é um instrumento difícil de carregar, mas sempre tem alguém para carregar o piano”(Felipe Cataldo)
Berimba de Jesus - É muito gratificante ser abordado por gente de todas as idades, classes socias, raças, credos, opções sexuais, dizendo ter se identificado com o que a gente faz, porque está longe de ser unânime o que fazemos, mas o bacana disso tudo é que o lance é bem singular, sem meio termo mesmo, parece que não tem só um "achar legalzinho", saca?
Caco Pontes - Malocália é nossa contribuição milionária de todos os erros e acertos, é assumir referências ao passo que as negamos, os manifestos que já estão na rede virtual apontam estes caminhos; ainda provocaria aqui fazendo uma paródia: Eu satirizo um movimento, desconstruo o carnaval, eu vandalizo um monumento no planalto central do país.
11-Gostariam de fazer considerações finais?
Berimba de Jesus – Faço uma citação a Pietro Aretino: a poesia é o mais poderoso antídoto contra a moléstia das algibeiras e o mais forte apanágio da estupidez.
Pedro Tostes – Acho que no fundo todo esse discurso é uma farsa. A grande verdade é que a gente faz poesia porque acha legal. Porque é divertido. E somos um coletivo e continuamos assim porque somos amigos e conseguimos conviver na medida do possível com os nossos defeitos. O resto é tudo pose.
Caco Pontes - Aos poucos, daqui até 2012, como diria o pessoal do 1/2 dúzia de 3 ou 4 "O fim está próspero", rs. Por enquanto, sugiro que acompanhem as empreitadas de nossa desorganizada-organização, lá: poesiamaloqueirista.blogspot.com
Avant!
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Reitoria Ocupada - Ato simbólico
Dia 17 Junho (Quinta) : Sarau da Cesta na Reitoria Ocupada com COSEAS Ocupada Bloco G - CRUSP - A partir das 21h Ocupa Ocupa Ocupação ! ! ! Aniversário do Sarau da Cesta
Cooperifa, Sarau da Brasa, Elo da Corrente, Sarau da Ademar e todos os outros que apoiam a deselitização da universidade estão convidados, inclusive você. Tire seus poemas da gaveta, seus quadrinhos da prancheta, teatros aos vivos , música aos nossos ouvidos. Proclamemos do mais alto cume, cultura é o que nos une
9 de Junho/2009: 1 ano do confronto na USP, o dia em que a PM invadiu a Cidade Universitária e feriu estudantes, funcionários e professores, e mais do que isso, reabriu feridas de um país, periférico no capitalismo mundial, que busca aprender e ensinar como construir uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais igualitária onde a educação não seja tratada como caso de polícia, porém enquanto oportunidade para se pensar e realizar sociedades menos violentas, menos inseguras, menos corruptas. Humildemente caminhemos nesta direção pois a natureza está com estafa do efeito estufa e de muitas outras mazelas humanas, demasiadamente humanas
Violência é a fome causada pelo corte de salário dos trabalhadores, que têm em média os menores rendimentos da universidade, por exercerem constitucionalmente o direito de greve, mas é também, e talvez sobretudo, a negação aos filhos, destas mesmas pessoas, do acesso aos capitais culturais e benesses intelectuais que esta mesma instituição mantém aberradoramente apartados, criando frustração, ódio e humilhação nas cabeças tantas e muitas vezes cansadas das tarefas diárias, entre outras, de limpar os ambientes, cortar grama, conduzir ônibus, servir refeições e zelar pela segurança
E para a permanência dos poucos estudantes de baixa renda em uma das universidades públicas mais elitistas do país tornou-se ponto pacífico que este grupo estatisticamente em menor número dentro do campus aproprie-se de auxílios tais quais alimentação e moradias. Colocar em prática ações extremistas como são as ocupações, dentro e fora do campus, sinaliza que o problema não é só passar no vestibular. Aliás, não concordamos com o vestibular. Seria melhor estatizar as demais universidades e o problema de vagas pode ser repensado, desconstruído e outras conformações poderiam ser propostas, enfim, propostas,propostas, propostas
Direito de greve, direitos humanos e condições necessárias para que estudantes de graduação e pós-graduação oriundos da classe baixa possam ter plenas condições de permanência nesta universidade e, é claro, para além dos muros, não se propaguem preconceitos nem ressentimentos, porém cidadania e arte. Cidadania é arte. É isso.
Cooperifa, Sarau da Brasa, Elo da Corrente, Sarau da Ademar e todos os outros que apoiam a deselitização da universidade estão convidados, inclusive você. Tire seus poemas da gaveta, seus quadrinhos da prancheta, teatros aos vivos , música aos nossos ouvidos. Proclamemos do mais alto cume, cultura é o que nos une
9 de Junho/2009: 1 ano do confronto na USP, o dia em que a PM invadiu a Cidade Universitária e feriu estudantes, funcionários e professores, e mais do que isso, reabriu feridas de um país, periférico no capitalismo mundial, que busca aprender e ensinar como construir uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais igualitária onde a educação não seja tratada como caso de polícia, porém enquanto oportunidade para se pensar e realizar sociedades menos violentas, menos inseguras, menos corruptas. Humildemente caminhemos nesta direção pois a natureza está com estafa do efeito estufa e de muitas outras mazelas humanas, demasiadamente humanas
Violência é a fome causada pelo corte de salário dos trabalhadores, que têm em média os menores rendimentos da universidade, por exercerem constitucionalmente o direito de greve, mas é também, e talvez sobretudo, a negação aos filhos, destas mesmas pessoas, do acesso aos capitais culturais e benesses intelectuais que esta mesma instituição mantém aberradoramente apartados, criando frustração, ódio e humilhação nas cabeças tantas e muitas vezes cansadas das tarefas diárias, entre outras, de limpar os ambientes, cortar grama, conduzir ônibus, servir refeições e zelar pela segurança
E para a permanência dos poucos estudantes de baixa renda em uma das universidades públicas mais elitistas do país tornou-se ponto pacífico que este grupo estatisticamente em menor número dentro do campus aproprie-se de auxílios tais quais alimentação e moradias. Colocar em prática ações extremistas como são as ocupações, dentro e fora do campus, sinaliza que o problema não é só passar no vestibular. Aliás, não concordamos com o vestibular. Seria melhor estatizar as demais universidades e o problema de vagas pode ser repensado, desconstruído e outras conformações poderiam ser propostas, enfim, propostas,propostas, propostas
Direito de greve, direitos humanos e condições necessárias para que estudantes de graduação e pós-graduação oriundos da classe baixa possam ter plenas condições de permanência nesta universidade e, é claro, para além dos muros, não se propaguem preconceitos nem ressentimentos, porém cidadania e arte. Cidadania é arte. É isso.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Literatura é resistência
E falar sobre literatura é resistência. Resistir é lembrar que não se pode apenas receber a informação, implica reação. Além do que se apresenta é possível inferir dos enunciados outras realidades. O que é um sarau? Sarau é toda aquela reunião onde se ouve música, assiste filme, filosofa, lê-se trechos de livros, faz-se poesia, as pessoas se encontram. E em toda parte que nome daremos ao fato de que se nutre o ódio aos homens e procura-se espoliá-lo? Talvez por isso saraus sejam tão necessários. Hoje estão acontecendo mais de 60 deles.
Colecionar esta diversidade de exemplos vivos dos momentos de elaboração criativa da realidade: quando se elenca alguns saraus pensamos na Cooperifa, no Elo da Corrente, no sarau da Ademar, no Sarau da Brasa, no Pavio da Cultura ( em Suzano) orientados por (r)evolucionários. As pessoas olham e ficam inspiradas. É para a auto-estima dos moradores da região onde podem ser encontradas crianças, jovens e idosos. Donas-de-casa, operários, professores e estudantes. Trocam-se experiências e incentivos. E travam a luta incansável contra a ignorância, mediocridade, conformismos e tristezas. Movimento dos sem palco, um quilombo, um lugar onde não se pergunta de onde você é, de que credo, cor, ou opção sexual. Só respeito e silêncio e o nome para ser chamado.
Realizamos 12 edições do Sarau da Cesta criado na FFLCH-Letras. O último Sarau da Cesta do ano 2009, mas não menos importante, contou com a presença de integrantes do Sarau da Casa das Rosas e a Turma do Morro do Querosene. Aliás, a sétima edição foi a derradeira do ano passado, porém num movimento gradativo, consciente e revolucionário estamos prenchendo os hiatos: um conjunto de escritores mais ou menos conscientes do seu papel, um conjunto de receptores e um mecanismo transmissor. Sarau da Cesta, FFLCH-Letras, Revista Áporo e a coleção Feito Na Letras, coordenada pelo professor Vicente Pietroforte.
Historicamente, a primeira edição foi no dia 3 de Abril no EPEL (Encontro Paulista dos Estudantes de Letras – que não acontecia há 20 anos) no lado externo ao prédio da Letras. A segunda edição aconteceu em 15 de maio com o tema: Você vai deixar sua vida ser regulada pelo mercado? Neste dia incorporamos um carrinho de supermercado que utilizamos como cavalete para um dos colaboradores pintar quadros, mais adiante serviu e serve para carregarmos os chapéus, banco, mancebo, tintas, além, é claro, de uma cesta cheia de livros para compartilharmos as obras, as palavras, os silêncios! Na terceira edição em 8 de Junho nos incorporamos ao movimento de greve na USP. Realizamos o sarau em frente à reitoria com o carro de som do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP), com a participação de funcionários lendo poemas. E a quarta edição com o lançamento do livro Ávida Espingarda ( feito de poemas de alunos da Letras). Na quinta feira, dia 24 de Setembro, a quinta edição do Sarau da Cesta junto com poetas do Sarau do Querô e integrantes da Revista Áporo entre outros guerreiros da poesia: Primavera dos Bixos!!!! Fizemos a sexta edição do Sarau da Cesta, na quinta dia 29 de Outubro, em co-realização com o Noite nas Tavernas, iniciativa do Centro Acadêmico(C.A) da Letras, gestão Olhos Livres, que aliou-se ao sarau desde o primeiro momento até sua última hora de mandato. O núcleo temático foi o período de eleições para o C.A: Vote Sarau da Cesta!!!!
Em conjunto com o CAELL – Gestão Veredas, dentro da Calourada USP/ 2010 - Bixos: Melhores dias Verão foi o tema da oitava edição do Sarau da Cesta: encontro marcado no dia 23 de fevereiro (terça-feira) às 21h na escadaria central na nossa faculdade de Letras. A proposta foi debatermos acesso à faculdade, o fazer poético e suas notações sociais, com escritores convidados e com você. Além, é claro, de lermos muitos poemas de diversos poetas representativos da literatura brasileira e universal e, principalmente, de autoria própria. Tire seus poemas das gavetas. Seus quadrinhos das pranchetas. Apresente seu teatro aos vivos. Sua música aos nossos ouvidos. Dance, dance, dance até raiar o dia. Contra a linha dura, a linha da cintura. Pinte o set e a oitava maravilha. Faça sua exposição fotográfica. É hora de sua arte ganhar a praça. Saraus, saraus, saraus. Em março recebemos o convite da Associação dos Amigos da casa das Rosas, da Língua e da Literatura ( POIESIS) para apresentarmos o Sarau da Cesta no metrô Santa Cecília. Realizamos dois atos simbólicos, em Abril e Junho, respectivamente, em apoio aos alunos do CRUSP na ocupação da COSEAS e à greve dos funcionários com Reitoria ocupada. Em maio, fomos convidados desta vez pela ONG Ação Educativa que abriu as portas de seu auditório para fazermos mais saraus, saraus, saraus. Em Agosto publicamos a "Entrevista com o Coletivo Maloquerista". Em Setembro dia 23 (quinta) às 21h na Escadaria Central da Letras FFLCH-USP na décima terceira edição, a fusão do Sarau Portátil+ Sarau da Cesta= Sarau Portátil da Cesta: " Poesia ou morte ! "
O sarau é independente de partidos e movimentos políticos universitários. É mais um movimento do que um evento uma vez que confiamos na frente única, passeatas e greves como instrumentos de pressão da classe trabalhadora e na necessidade da arte. Não nos mantemos alheios nem externos às questões concernentes à instituição universitária. Arte e política inseparáveis, assim como educação e livro são imprescindíveis.
É uma contravenção ao sistema do outro, um não pertencimento às representações midiárticas, desconstrução das idéias e dos discursos hegemônicos de novelas, jogos de futebol, vida-shopping. Para além de imposturas tolas e bobageiras de abstrações sem fim onde a vida intelectual pode se perder, ser desserviço. Todos artistas, todos possíveis. Diferente do estrelato e das afetações. Arte-cidadã com cuidado para não ficar só no discurso, com cautela de compreender junto o afastamento da violência e da insanidade pelo compartilhamento da palavra, pelo descolamento desta invisibilidade de excluídos ressentidos ou incluídos amedrontados. Rechaço de inferioridades e da falta de posses, reabilitação dos passados perdidos e das iniciativas inspiradas em ações reais e liberações sonhadas.
Projeto de conhecimento e projeto de poder. Re-inventar o poder. Estranhar meu cotidiano. Até que ponto interessa inscrever-se dentro do stress absoluto de não confiar no vizinho? Melhor o espaço de origem configurado na imagem aderida afetivamente aos próprios laços. Pouco a pouco as missões heróicas dos saraus em toda parte, não obstante os monstros... seja na instituição universitária ou para além dos muros da universidade...enfim ...que não se propaguem preconceitos nem ressentimentos, porém cidadania e arte. Cidadania é arte.
Cláudio Laureatti (autor do texto)
... Tudo nosso, inclusive as vírgulas ! ! ! . . .
Colecionar esta diversidade de exemplos vivos dos momentos de elaboração criativa da realidade: quando se elenca alguns saraus pensamos na Cooperifa, no Elo da Corrente, no sarau da Ademar, no Sarau da Brasa, no Pavio da Cultura ( em Suzano) orientados por (r)evolucionários. As pessoas olham e ficam inspiradas. É para a auto-estima dos moradores da região onde podem ser encontradas crianças, jovens e idosos. Donas-de-casa, operários, professores e estudantes. Trocam-se experiências e incentivos. E travam a luta incansável contra a ignorância, mediocridade, conformismos e tristezas. Movimento dos sem palco, um quilombo, um lugar onde não se pergunta de onde você é, de que credo, cor, ou opção sexual. Só respeito e silêncio e o nome para ser chamado.
Realizamos 12 edições do Sarau da Cesta criado na FFLCH-Letras. O último Sarau da Cesta do ano 2009, mas não menos importante, contou com a presença de integrantes do Sarau da Casa das Rosas e a Turma do Morro do Querosene. Aliás, a sétima edição foi a derradeira do ano passado, porém num movimento gradativo, consciente e revolucionário estamos prenchendo os hiatos: um conjunto de escritores mais ou menos conscientes do seu papel, um conjunto de receptores e um mecanismo transmissor. Sarau da Cesta, FFLCH-Letras, Revista Áporo e a coleção Feito Na Letras, coordenada pelo professor Vicente Pietroforte.
Historicamente, a primeira edição foi no dia 3 de Abril no EPEL (Encontro Paulista dos Estudantes de Letras – que não acontecia há 20 anos) no lado externo ao prédio da Letras. A segunda edição aconteceu em 15 de maio com o tema: Você vai deixar sua vida ser regulada pelo mercado? Neste dia incorporamos um carrinho de supermercado que utilizamos como cavalete para um dos colaboradores pintar quadros, mais adiante serviu e serve para carregarmos os chapéus, banco, mancebo, tintas, além, é claro, de uma cesta cheia de livros para compartilharmos as obras, as palavras, os silêncios! Na terceira edição em 8 de Junho nos incorporamos ao movimento de greve na USP. Realizamos o sarau em frente à reitoria com o carro de som do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP), com a participação de funcionários lendo poemas. E a quarta edição com o lançamento do livro Ávida Espingarda ( feito de poemas de alunos da Letras). Na quinta feira, dia 24 de Setembro, a quinta edição do Sarau da Cesta junto com poetas do Sarau do Querô e integrantes da Revista Áporo entre outros guerreiros da poesia: Primavera dos Bixos!!!! Fizemos a sexta edição do Sarau da Cesta, na quinta dia 29 de Outubro, em co-realização com o Noite nas Tavernas, iniciativa do Centro Acadêmico(C.A) da Letras, gestão Olhos Livres, que aliou-se ao sarau desde o primeiro momento até sua última hora de mandato. O núcleo temático foi o período de eleições para o C.A: Vote Sarau da Cesta!!!!
Em conjunto com o CAELL – Gestão Veredas, dentro da Calourada USP/ 2010 - Bixos: Melhores dias Verão foi o tema da oitava edição do Sarau da Cesta: encontro marcado no dia 23 de fevereiro (terça-feira) às 21h na escadaria central na nossa faculdade de Letras. A proposta foi debatermos acesso à faculdade, o fazer poético e suas notações sociais, com escritores convidados e com você. Além, é claro, de lermos muitos poemas de diversos poetas representativos da literatura brasileira e universal e, principalmente, de autoria própria. Tire seus poemas das gavetas. Seus quadrinhos das pranchetas. Apresente seu teatro aos vivos. Sua música aos nossos ouvidos. Dance, dance, dance até raiar o dia. Contra a linha dura, a linha da cintura. Pinte o set e a oitava maravilha. Faça sua exposição fotográfica. É hora de sua arte ganhar a praça. Saraus, saraus, saraus. Em março recebemos o convite da Associação dos Amigos da casa das Rosas, da Língua e da Literatura ( POIESIS) para apresentarmos o Sarau da Cesta no metrô Santa Cecília. Realizamos dois atos simbólicos, em Abril e Junho, respectivamente, em apoio aos alunos do CRUSP na ocupação da COSEAS e à greve dos funcionários com Reitoria ocupada. Em maio, fomos convidados desta vez pela ONG Ação Educativa que abriu as portas de seu auditório para fazermos mais saraus, saraus, saraus. Em Agosto publicamos a "Entrevista com o Coletivo Maloquerista". Em Setembro dia 23 (quinta) às 21h na Escadaria Central da Letras FFLCH-USP na décima terceira edição, a fusão do Sarau Portátil+ Sarau da Cesta= Sarau Portátil da Cesta: " Poesia ou morte ! "
O sarau é independente de partidos e movimentos políticos universitários. É mais um movimento do que um evento uma vez que confiamos na frente única, passeatas e greves como instrumentos de pressão da classe trabalhadora e na necessidade da arte. Não nos mantemos alheios nem externos às questões concernentes à instituição universitária. Arte e política inseparáveis, assim como educação e livro são imprescindíveis.
É uma contravenção ao sistema do outro, um não pertencimento às representações midiárticas, desconstrução das idéias e dos discursos hegemônicos de novelas, jogos de futebol, vida-shopping. Para além de imposturas tolas e bobageiras de abstrações sem fim onde a vida intelectual pode se perder, ser desserviço. Todos artistas, todos possíveis. Diferente do estrelato e das afetações. Arte-cidadã com cuidado para não ficar só no discurso, com cautela de compreender junto o afastamento da violência e da insanidade pelo compartilhamento da palavra, pelo descolamento desta invisibilidade de excluídos ressentidos ou incluídos amedrontados. Rechaço de inferioridades e da falta de posses, reabilitação dos passados perdidos e das iniciativas inspiradas em ações reais e liberações sonhadas.
Projeto de conhecimento e projeto de poder. Re-inventar o poder. Estranhar meu cotidiano. Até que ponto interessa inscrever-se dentro do stress absoluto de não confiar no vizinho? Melhor o espaço de origem configurado na imagem aderida afetivamente aos próprios laços. Pouco a pouco as missões heróicas dos saraus em toda parte, não obstante os monstros... seja na instituição universitária ou para além dos muros da universidade...enfim ...que não se propaguem preconceitos nem ressentimentos, porém cidadania e arte. Cidadania é arte.
Cláudio Laureatti (autor do texto)
... Tudo nosso, inclusive as vírgulas ! ! ! . . .
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Sarau da Cesta com apresentação teatral "Fragmentos de poetas", dia 18 de maio(terça) às 19h30 na Ação Educativa. Periferia no centro. É só chegar
O sarau surgiu pela necessidade intrínseca de promover as artes em geral. Estímulo à criatividade, a produção de seus participantes e, não à repressão ou limitação de espaços - ficar à margem quando podemos compartilhar e pensando nisso chegamos na Ação Educativa no dia 18 de Maio(terça)com apresentação teatral "Fragmentos de poetas ", com lançamento de Cláudio Laureatti do livro "Luminosidades" a partir das 19h30m. Rua General Jardim, 660
A solução possível foi elencar, entre os critérios mais importantes, a participação de todos. Todos possíveis. Todos artistas. Artistas-cidadãos. Estamos menos interessados na sociedade do espetáculo onde permeiam a sensação de isolamento artístico e fogueira das vaidades e convergindo mais nos diálogos com a arte enquanto instrumento de transformação, de espíritos independentes e o agradável desafio de poder contemplar a todos
O Sarau da Cesta tem seu respaldo sobre motivos e argumentos os quais expõem a necessidade de partirmos de construção de discursos, para reconstruí-los, desconstruí-los e a atuação direta imediata que é realizarmos os encontros, as récitas, enfim, saraus, saraus, saraus
sábado, 8 de maio de 2010
Sarau da Cesta de Utopias = ( Sarau da Cesta + Sarau Encontro de Utopias) com sorteio de livros e apresentação teatral
E aconteceu o irreparável: a poesia se fracionou em saraus, em principados independentes e rivais, permanentemente em conflito. Como não sofrer a alma dos verdadeiros poetas com essa escandalosa fragmentação? Invejam-se muito mais do que temem a escalada destrutiva da nossa época violenta.
Mais ainda: os aparelhos do governo e a mídia aproveitam-se disso. Atraídos pelo ouro colocam suas equipes a serviço dos pequenos soberanos dos saraus. E as vozes dissonantes são devastadas lhe negando participar da direção do movimento ( ai, de quem falar evento) e sem poder se manifestar no domínio público das entrevistas e dos cachês, reservados à estes mesmos diretores e aos que não incomodam; os poetas combativos, oprimidos pelos preconceitos às avessas e humilhados pela onipotência e arrogância muito bem disfarçada nos discursos dos condutores, ao menor sinal, são banidos até mesmo do microfone aberto, da palavra comungada.
Daí, vaguearmos durante anos, juntando-nos a alguns, participando de outros, protegendo o binômio erudito-popular, contra seus inimigos, tanto acadêmicos quanto periféricos. Borboletando para que estes dois mundos se interpenetrem. E também haja amor. Para haver um pouco de poesia no meio dessa merda toda. Se possível, uma criança no coração das letras.
E quando os tempos forem inclassificáveis e esses ritos sarauzíticos forem limitados, talvez até mesmo pela superação ou morte de seus condutores, pois, por muito tempo catalizaram e por mais tempo ainda podem promover resistências simples e verdadeiras também (para não dizer que não falamos das flores), ao desaparecer provavelmente serão vistas como “febres artísticas”, isto é, a poesia não pode se reduzir a poetas que se degladiam como se fazem nas brigas de torcidas ( ao menos mantém assim as aparências em seus currais, diante do público; pois nos bastidores, quando os líderes opostos se encontram, há outras arapucas: it´s all about money ! – ...dinheiro, louro dinheiro...) Os saraus fazendo política e a poesia morrendo, morrendo. Preferimos os saraus fazendo poesia, e outra política vicejando, vicejando
“Mas quem vai acreditar nesse depoimento? Diário de momentos amadurecidos amadurecendo”
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Na Letra da Luta - Ato simbólico
Dia 29 Abril (Quinta) : Sarau da Cesta na COSEAS Ocupada Bloco G - CRUSP - A partir das 21h Ocupa Ocupa Ocupação ! ! ! Aniversário do Sarau da Cesta
Cooperifa, Sarau da Brasa, Elo da Corrente, Sarau da Ademar e todos os outros que apoiam a deselitização da universidade estão convidados, inclusive você. Tire seus poemas da gaveta, seus quadrinhos da prancheta, teatros aos vivos , música aos nossos ouvidos. Proclamemos do mais alto cume, cultura é o que nos une
Para a permanência de estudantes de baixa renda em uma das universidades públicas mais elitistas do país tornou-se ponto pacífico que este grupo estatisticamente em menor número dentro do campus aproprie-se de auxílios tais quais alimentação e moradias. Colocar em prática ações extremistas como são as ocupações, dentro e fora do campus, sinaliza que o problema não é só passar no vestibular. Aliás, não concordamos com o vestibular. Seria melhor estatizar as demais universidades e o problema de vagas pode ser repensado, desconstruído e outras conformações poderiam ser propostas, enfim, propostas,propostas, propostas
Direitos Humanos e condições necessárias para que estudantes de graduação e pós-graduação oriundos da classe baixa possam ter plenas condições de permanência nesta universidade e, é claro, para além dos muros, não se propaguem preconceitos nem ressentimentos, porém cidadania e arte. Cidadania é arte
Cooperifa, Sarau da Brasa, Elo da Corrente, Sarau da Ademar e todos os outros que apoiam a deselitização da universidade estão convidados, inclusive você. Tire seus poemas da gaveta, seus quadrinhos da prancheta, teatros aos vivos , música aos nossos ouvidos. Proclamemos do mais alto cume, cultura é o que nos une
Para a permanência de estudantes de baixa renda em uma das universidades públicas mais elitistas do país tornou-se ponto pacífico que este grupo estatisticamente em menor número dentro do campus aproprie-se de auxílios tais quais alimentação e moradias. Colocar em prática ações extremistas como são as ocupações, dentro e fora do campus, sinaliza que o problema não é só passar no vestibular. Aliás, não concordamos com o vestibular. Seria melhor estatizar as demais universidades e o problema de vagas pode ser repensado, desconstruído e outras conformações poderiam ser propostas, enfim, propostas,propostas, propostas
Direitos Humanos e condições necessárias para que estudantes de graduação e pós-graduação oriundos da classe baixa possam ter plenas condições de permanência nesta universidade e, é claro, para além dos muros, não se propaguem preconceitos nem ressentimentos, porém cidadania e arte. Cidadania é arte
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Vida mala pronta Cadeado nó bem dado
quinta-feira, 8 de abril de 2010
domingo, 14 de março de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Pois é, poesia brasileira na periferia, no centro do conhecimento
Bixos: melhores dias Verão
Participaram da mesa de bate papo com sarau no dia 23 de fevereiro de 2010 na USP/FFLCH-Letras, os poetas Caco Pontes, Vágner Souza, Ivan Antunes, Rui Mascarenhas, Vicente Pietroforte. Veicularam seus projetos e falaram de si, em testemunhos e poemas, gerando um diálogo periferia-centro, mediados por Tatiana Busato e Cláudio Laureatti
Foi a oitava edição do Sarau da Cesta: Bixos - melhores dias Verão. Poesias mambembes, com muito protesto, muita identidade para aproximação e incentivo à poesia na faculdade, ampliando os horizontes para além dos muros da universidade com o debate de literatura e cidadania. Literatura é cidadania
Não podemos deixar de lembrar aqueles que tiveram decisiva participação na realização da Mesa-Sarau e terão na subseqüente vida universitária: os Bixos. "Larga de ser besta e cola com nóis no Sarau da Cesta"
Estação Poesia: Sarau do Metrô convidou Sarau da Cesta em sua nona edição. Nome na lista, poetas chamados, compartilhamos a palavra. Metrô Santa Cecília dia 30 de Março, terça-feira das 18h às 20h. No meio da correria do paulistano dia-a-dia...a gente sabia que conseguiríamos colocar um pouco de poesia...tinha uma cesta no meio do caminho...cesta de livros, cesta de talentos...tinha uma cesta no meio do caminho
E, é claro, para o aniversário mais desafios: deselitizar o acesso à faculdade e ao debate, Cooperifa, Sarau Elo da Corrente e Sarau da Brasa. Um ano do Sarau da Cesta: Ocupa Ocupa Ocupação da COSEAS - nós apoiamos mais esta luta por moradia estudantil. “Larga de ser besta e cola com nóis no Sarau da Cesta”
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Poesia Teatro Livros Livres
Literatura é resistência
Dentro da Calourada USP 2010, em conjunto com o Centro Acadêmico de Estudos Literários e Linguisticos Oswald de Andrade, isto é, CAELL – Gestão Veredas - Bixos: Melhores dias Verão é o tema da oitava edição do Sarau da Cesta. O encontro está marcado para o dia 23 de fevereiro (terça-feira) às 20h30min na escadaria central na nossa faculdade de Letras.
A proposta é debatermos acesso à faculdade, o fazer poético e suas notações sociais, com escritores convidados e com você. Além, é claro, de lermos muitos poemas de diversos poetas representativos da literatura brasileira e universal e, principalmente, de autoria própria. Tire seus poemas das gavetas. Seus quadrinhos das pranchetas. Apresente seu teatro aos vivos. Sua música aos nossos ouvidos. Dance, dance, dance até raiar o dia. Contra a linha dura, a linha da cintura. Pinte o set e a oitava maravilha. Faça sua exposição fotográfica. É hora da sua arte ganhar a praça. Saraus saraus saraus.
Realizamos 7 edições do Sarau da Cesta na USP/FFLCH-Letras. O último Sarau da Cesta do ano 2009, mas não menos importante, contou com a presença de integrantes do Sarau da Casa das Rosas e a Turma do Morro do Querosene. Aliás, a sétima edição não foi a derradeira, porém o sarau mais recente, isto é, num movimento gradativo, consciente e revolucionário estamos prenchendo os hiatos: um conjunto de escritores mais ou menos conscientes do seu papel, um conjunto de receptores e um mecanismo transmissor. Sarau da Cesta, FFLCH-Letras, Revista Áporo e a coleção Feito Na Letras, coordenada pelo professor Vicente Pietroforte.
O Sarau da Cesta é independente de partidos e movimentos políticos universitários. É mais um movimento do que um evento uma vez que confiamos na frente única, passeatas e greves como instrumentos de pressão da classe trabalhadora e na necessidade da arte. Não nos mantemos alheios nem externos às questões concernentes à instituição universitária. Arte e política inseparáveis, assim como educação e livro são imprescindíveis.
É uma contravenção ao sistema do outro, um não pertencimento às representações midiárticas, desconstrução das idéias e dos discursos hegemônicos de novelas, jogos de futebol, vida-shopping. Para além de imposturas tolas e bobageiras de abstrações sem fim onde a vida intelectual pode se perder, ser desserviço. Todos artistas, todos possíveis. Diferente do estrelato e das afetações. Arte-cidadã com cuidado para não ficar só no discurso, com cautela de compreender junto o afastamento da violência e da insanidade pelo compartilhamento da palavra, pelo descolamento desta invisibilidade de excluídos ressentidos ou incluídos amedrontados. Rechaço de inferioridades e da falta de posses, reabilitação dos passados perdidos e das iniciativas inspiradas em ações reais e liberações sonhadas.
Projeto de conhecimento e projeto de poder. Re-inventar o poder. Estranhar meu cotidiano. Até que ponto interessa inscrever-se dentro do stress absoluto de não confiar no vizinho? Melhor o espaço de origem configurado na imagem aderida afetivamente aos próprios laços. Pouco a pouco as missões heróicas dos saraus em toda parte, sem ego, sem vaidade. Saber falar, saber ouvir. Resistir a tentação de falar a esmo. Resistir aos discursos ardilosos de conteúdo oco. Resistir, pensar pra acertar, agir pra vencer. Pra suplantar o time da ignorância, jogar com elegância.
E falar sobre literatura é resistência. Resistir é lembrar que não se pode apenas receber a informação, implica reação. Além do que se apresenta é possível inferir dos enunciados outras realidades. O que é um sarau? Sarau é toda aquela reunião onde ouve-se música, assiste filme, filosofa, lê-se trechos de livros, faz-se poesia, as pessoas se encontram. E em toda parte que nome daremos ao fato de que nutre-se o ódio aos homens e procura-se espoliá-lo? Talvez por isso saraus sejam tão necessários. Hoje estão acontecendo mais de 60 deles.
Colecionar esta diversidade de exemplos vivos dos momentos de elaboração criativa da realidade: quando se elenca alguns saraus pensamos na Cooperifa, Elo da Corrente, no sarau da Ademar, no Pavio da Cultura em Suzano orientados por (r)evolucionários. As pessoas olham e ficam inspiradas. É para a auto-estima dos moradores da região onde podem ser encontradas crianças, jovens e idosos. Donas-de-casa, operários, professores e estudantes. Trocam-se experiências e incentivos. E travam a luta incansável contra a ignorância, mediocridade, conformismos e tristezas. Movimento dos sem palco, um quilombo, um lugar onde não se pergunta de onde você é, de que credo, cor, ou opção sexual. Só respeito e silêncio e o nome para ser chamado.
Historicamente, a primeira edição foi no dia 3 de Abril no EPEL(Encontro Paulista dos Estudantes de Letras – que não acontecia há 20 anos) no lado externo ao prédio da Letras. A segunda edição aconteceu em 15 de maio com o tema: Você vai deixar sua vida ser regulada pelo mercado? Neste dia incorporamos um carrinho de supermercado que utilizamos como cavalete para um dos colaboradores pintar quadros, mais adiante serviu e serve para carregarmos os chapéus, banco, mancebo, tintas, além, é claro, de uma cesta cheia de livros para compartilharmos as obras, as palavras, os silêncios! Na terceira edição em 8 de Junho nos incorporamos ao movimento de greve na USP. Realizamos o sarau em frente à reitoria com o carro de som do SINTUSP(Sindicato dos Trabalhadores da USP), com a participação de funcionários lendo poemas. E a quarta edição com o lançamento do livro Ávida Espingarda(feito de alunos da Letras). Na quinta feira, dia 24 de Setembro, a quinta edição do Sarau da Cesta junto com poetas do Sarau do Querô e integrantes da Revista Áporo entre outros guerreiros da poesia: Primavera dos Bixos!!!! Fizemos a sexta edição do Sarau da Cesta, na quinta dia 29 de Outubro, em co-realização com o Noite nas Tavernas, iniciativa do Centro Acadêmico(C.A) da Letras, gestão Olhos Livres, que aliou-se ao sarau desde o primeiro momento até sua última hora de mandato. O núcleo temático foi o período de eleições para o C.A: Vote Sarau da Cesta. E em novembro, após os estudantes da Letras haverem escolhido Veredas mais livres, mais fraternas mais igualitárias, realizamos na última quinta do mês de novembro, dia 26, às 21h. o derraderio Sarau da Cesta de 2009, mas não menos importante, contou com a presença de integrantes do Sarau da Casa das Rosas e a Turma do Morro do Querosene. Em um movimento gradativo, consciente e revolucionário estamos prenchendo os hiatos: um conjunto de escritores mais ou menos conscientes do seu papel, um conjunto de receptores e um mecanismo transmissor. Sarau da Cesta, FFLCH-Letras e Revista Áporo : Saraus saraus saraus. Melhores dia Verão.
É isso
Tatiana Busato (em homenagem) e Cláudio Laureatti (autor do texto)
Dentro da Calourada USP 2010, em conjunto com o Centro Acadêmico de Estudos Literários e Linguisticos Oswald de Andrade, isto é, CAELL – Gestão Veredas - Bixos: Melhores dias Verão é o tema da oitava edição do Sarau da Cesta. O encontro está marcado para o dia 23 de fevereiro (terça-feira) às 20h30min na escadaria central na nossa faculdade de Letras.
A proposta é debatermos acesso à faculdade, o fazer poético e suas notações sociais, com escritores convidados e com você. Além, é claro, de lermos muitos poemas de diversos poetas representativos da literatura brasileira e universal e, principalmente, de autoria própria. Tire seus poemas das gavetas. Seus quadrinhos das pranchetas. Apresente seu teatro aos vivos. Sua música aos nossos ouvidos. Dance, dance, dance até raiar o dia. Contra a linha dura, a linha da cintura. Pinte o set e a oitava maravilha. Faça sua exposição fotográfica. É hora da sua arte ganhar a praça. Saraus saraus saraus.
Realizamos 7 edições do Sarau da Cesta na USP/FFLCH-Letras. O último Sarau da Cesta do ano 2009, mas não menos importante, contou com a presença de integrantes do Sarau da Casa das Rosas e a Turma do Morro do Querosene. Aliás, a sétima edição não foi a derradeira, porém o sarau mais recente, isto é, num movimento gradativo, consciente e revolucionário estamos prenchendo os hiatos: um conjunto de escritores mais ou menos conscientes do seu papel, um conjunto de receptores e um mecanismo transmissor. Sarau da Cesta, FFLCH-Letras, Revista Áporo e a coleção Feito Na Letras, coordenada pelo professor Vicente Pietroforte.
O Sarau da Cesta é independente de partidos e movimentos políticos universitários. É mais um movimento do que um evento uma vez que confiamos na frente única, passeatas e greves como instrumentos de pressão da classe trabalhadora e na necessidade da arte. Não nos mantemos alheios nem externos às questões concernentes à instituição universitária. Arte e política inseparáveis, assim como educação e livro são imprescindíveis.
É uma contravenção ao sistema do outro, um não pertencimento às representações midiárticas, desconstrução das idéias e dos discursos hegemônicos de novelas, jogos de futebol, vida-shopping. Para além de imposturas tolas e bobageiras de abstrações sem fim onde a vida intelectual pode se perder, ser desserviço. Todos artistas, todos possíveis. Diferente do estrelato e das afetações. Arte-cidadã com cuidado para não ficar só no discurso, com cautela de compreender junto o afastamento da violência e da insanidade pelo compartilhamento da palavra, pelo descolamento desta invisibilidade de excluídos ressentidos ou incluídos amedrontados. Rechaço de inferioridades e da falta de posses, reabilitação dos passados perdidos e das iniciativas inspiradas em ações reais e liberações sonhadas.
Projeto de conhecimento e projeto de poder. Re-inventar o poder. Estranhar meu cotidiano. Até que ponto interessa inscrever-se dentro do stress absoluto de não confiar no vizinho? Melhor o espaço de origem configurado na imagem aderida afetivamente aos próprios laços. Pouco a pouco as missões heróicas dos saraus em toda parte, sem ego, sem vaidade. Saber falar, saber ouvir. Resistir a tentação de falar a esmo. Resistir aos discursos ardilosos de conteúdo oco. Resistir, pensar pra acertar, agir pra vencer. Pra suplantar o time da ignorância, jogar com elegância.
E falar sobre literatura é resistência. Resistir é lembrar que não se pode apenas receber a informação, implica reação. Além do que se apresenta é possível inferir dos enunciados outras realidades. O que é um sarau? Sarau é toda aquela reunião onde ouve-se música, assiste filme, filosofa, lê-se trechos de livros, faz-se poesia, as pessoas se encontram. E em toda parte que nome daremos ao fato de que nutre-se o ódio aos homens e procura-se espoliá-lo? Talvez por isso saraus sejam tão necessários. Hoje estão acontecendo mais de 60 deles.
Colecionar esta diversidade de exemplos vivos dos momentos de elaboração criativa da realidade: quando se elenca alguns saraus pensamos na Cooperifa, Elo da Corrente, no sarau da Ademar, no Pavio da Cultura em Suzano orientados por (r)evolucionários. As pessoas olham e ficam inspiradas. É para a auto-estima dos moradores da região onde podem ser encontradas crianças, jovens e idosos. Donas-de-casa, operários, professores e estudantes. Trocam-se experiências e incentivos. E travam a luta incansável contra a ignorância, mediocridade, conformismos e tristezas. Movimento dos sem palco, um quilombo, um lugar onde não se pergunta de onde você é, de que credo, cor, ou opção sexual. Só respeito e silêncio e o nome para ser chamado.
Historicamente, a primeira edição foi no dia 3 de Abril no EPEL(Encontro Paulista dos Estudantes de Letras – que não acontecia há 20 anos) no lado externo ao prédio da Letras. A segunda edição aconteceu em 15 de maio com o tema: Você vai deixar sua vida ser regulada pelo mercado? Neste dia incorporamos um carrinho de supermercado que utilizamos como cavalete para um dos colaboradores pintar quadros, mais adiante serviu e serve para carregarmos os chapéus, banco, mancebo, tintas, além, é claro, de uma cesta cheia de livros para compartilharmos as obras, as palavras, os silêncios! Na terceira edição em 8 de Junho nos incorporamos ao movimento de greve na USP. Realizamos o sarau em frente à reitoria com o carro de som do SINTUSP(Sindicato dos Trabalhadores da USP), com a participação de funcionários lendo poemas. E a quarta edição com o lançamento do livro Ávida Espingarda(feito de alunos da Letras). Na quinta feira, dia 24 de Setembro, a quinta edição do Sarau da Cesta junto com poetas do Sarau do Querô e integrantes da Revista Áporo entre outros guerreiros da poesia: Primavera dos Bixos!!!! Fizemos a sexta edição do Sarau da Cesta, na quinta dia 29 de Outubro, em co-realização com o Noite nas Tavernas, iniciativa do Centro Acadêmico(C.A) da Letras, gestão Olhos Livres, que aliou-se ao sarau desde o primeiro momento até sua última hora de mandato. O núcleo temático foi o período de eleições para o C.A: Vote Sarau da Cesta. E em novembro, após os estudantes da Letras haverem escolhido Veredas mais livres, mais fraternas mais igualitárias, realizamos na última quinta do mês de novembro, dia 26, às 21h. o derraderio Sarau da Cesta de 2009, mas não menos importante, contou com a presença de integrantes do Sarau da Casa das Rosas e a Turma do Morro do Querosene. Em um movimento gradativo, consciente e revolucionário estamos prenchendo os hiatos: um conjunto de escritores mais ou menos conscientes do seu papel, um conjunto de receptores e um mecanismo transmissor. Sarau da Cesta, FFLCH-Letras e Revista Áporo : Saraus saraus saraus. Melhores dia Verão.
É isso
Tatiana Busato (em homenagem) e Cláudio Laureatti (autor do texto)
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim
E não dizemos nada
na segunda noite já não se escondem:
pisam as flores
matam nosso cão
e não dizemos nada
Até que um dia
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa
rouba-nos a luz
e conhecendo nosso medo
arranca-nos a voz da garganta
E já não podemos dizer nada
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã desde uma teia tênue
se vá tecendo entre todos os galos
Bibliografia:
Antígona, Sófocles
Rashomon, Kurosawa
O mercador de veneza, Shakespeare
O processo, F. Kafka
Crime e castigo, Fiódor M. Dostoievski
Necessidade da arte, Ernest Fischer
O Real Imaginado, Marco Antonio Gonçalves
Os anos de aprendizado do jovem Wilhelm Meister, Johann Wolfgang Von Goethe
Retrato de uma artista quando jovem, James Joyce
Apanhador no campo de centeio, J.D Salinger
A montanha mágica, Thomas Mann
Em busca do tempo perdido, Marcel Proust (7 volumes)
Lazarilho de Tormes, anônimo
O mambembe, Arthur Azevedo
Cronista de um tempo ruim, Ferréz
Luminosidades, Cláudio Laureatti
O colecionador de pedras, Sérgio Vaz
Contos negreiros, Marcelino Freire
Poesias de Solano Trindade
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